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Festival de San Remo: 56 anos de música, paixão e sonhos


 

 

  
   San Remo, na região de Ligúria, ao norte da Itália, quase na fronteira com a França, é uma cidade banhada pelo mar de Ligure, que consolidou-se como um dos lugares preferidos da elite italiana e também de outras nacionalidades. Cassinos, campos de golfe, uma vida noturna intensa, barcos imponentes. E flores, muitas flores. San Remo também tornou-se conhecida por sua produção das mais diferentes espécies.

   E foi exatamente um floricultor, Amilcare Rambaldi, com forte inclinação para as coisas da política, que, em 1946, depois dos horrores e tragédias da II Guerra, teve uma idéia para reativar a movimentação da cidade: a realização de um festival anual de músicas. Amilcare tinha a proposta, mas não possuía recursos para levar adiante a iniciativa. Precisava de apoio. Recorreu às autoridades, aos mais poderosos da cidade, porém seus esforços foram em vão. Talvez  fruto do rescaldo da guerra, todos acharam que seria muito difícil e o sonho de Amilcare foi engavetado.

   Cinco anos depois, Píer Busseti, diretor do Cassino Di San Remo, reativa o projeto e, graças à colaboração do maestro Giulio Razzi, da Raí, nasce o Festival da canção italiana de San Remo. Realizado sem interrupção desde então, mesmo antes da chegada da televisão na Itália, o que ocorreu em 1955, o Festival de San Remo tornou-se um dos mais importantes do mundo e o principal da Europa. Levado tão a sério pelos italianos que um competidor, ao não ver sua música classificada, se suicidou.

   Neste ano, de 27 de fevereiro a quatro de março, ocorre a sua 56ª edição. A preocupação dos organizadores tem sido no sentido de preservar a tradição do evento sem, contudo, deixar de atualizá-lo com inovações. Serão 30 artistas classificados, subdivididos em quatro categorias: tre (trio), homens, mulheres e grupos, cada uma com seis participantes. Além disso, haverá uma outra categoria, jovens, com 12 concorrentes. Apenas dois artistas por categoria chegarão à final, que acontecerá no sábado, dia quatro, com a escolha do vencedor por categoria e do  vitorioso absoluto do festival.  Em relação à edição passada, houve a supressão da categoria clássica.

Muitas histórias

   O jet set italiano e europeu, principalmente, além de milhares de fãs e espectadores lotam San Remo, uma cidade que, para variar, é rica em cultura, arte, patrimônio histórico. Para os brasileiros, o Festival de San Remo passou a existir em 1968, quando o cantor Roberto Carlos, interpretando uma música do compositor italiano Sergio Endrigo, foi o vencedor. A vitoriosa "Canzone per te" passou a ser cantada e tocada no Brasil com intensidade, não apenas por ser uma música bonita, mas em razão da habitual exacerbação patriótica.

   Posteriormente, o Festival de San Remo caiu praticamente no esquecimento, ao menos aqui no Brasil. Algumas tentativas de repetir o feito de Roberto Carlos não resultaram em nada e, mesmo sendo uma das principais manifestações musicais do mundo, San Remo perdeu o glamour para os brasileiros.

   Contudo, San Remo continua internacionalmente famoso. Talvez seja o festival de música mais longevo. E tem algumas passagens que são marcantes, ao menos para quem acha que existe vida além do pagode, funk, do hip hop.

   Nilla Pizzi, com "Grazie dei Fiori", foi a grande vencedora da primeira edição, em 1951, ainda apenas transmitida por rádio. Na verdade, o festival pioneiro não chegou a entusiasmar os italianos, possivelmente ainda devido aos efeitos da guerra. Em 1952, Nilla Pizzi reeditou o desempenho anterior e voltou a vencer, desta vez com a música Volla Colomba. O curioso é que o público, nessa ocasião, já demonstrava um entusiasmo com os participantes e chegaram a pedir que Nilla cantasse a música vencedora da primeira edição.

   Em 1955, ano do surgimento da televisão na Itália,  as câmeras da RAI passaram a transmitir direto do cassino o festival, que  começou em 27 de janeiro. Neste ano, surge o cantor Claudio Villa, cantor popular com voz de tenor, que passou a ser considerado um dos maiores nomes da música italiana. Na edição posterior, em 1956, a RAI organiza um concurso para revelar novos talentos. Outro fato importante é ausência de cantores famosos. Pela primeira vez o festival é realizado no mês de março.

   Em 1964, a cantora Gigliola Cinquetti, com 16 anos, conquista o público e vence o festival. Com o grande sucesso de "Non Ho l'Eta Per Amarti", Gigliola vence também o Eurofestival di Copenhagem e, em 1966, vence novamente com a música "Dio Come ti Amo", em parceria com  Domenico Modugno, que vence o festival pela quarta vez.

   Em 1967, uma tragédia: a música "Ciao Amore Ciao" de Luigi Tenco é apresentada pela cantora Dalida. Apesar de ter uma ótima repercussão junto ao público, acabou sendo desclassificada. Com isso, Luigi Tenco fica deprimido e se suicida com um tiro na cabeça em seu quarto de hotel.

   A década de 70 inicia com o Festival di San Remo em uma fase de crise, devido a vendas de produtos discográficos. Três anos depois, a polêmica entre os organizadores e os discográficos continua. Em protesto, Adriano Celentano boicotou o festival. A sua justificativa foi um tanto quanto estranha: alegou estar com  gastrite.

   Depois de uma edição em que apenas cantores desconhecidos participaram, em 1976 o festival passou a ganhar mais notoriedade. Em 1979, ocorrem grandes transformações, com a introdução de novidades e o evento cresce em importância novamente. Um ano após, um dos apresentadores foi Roberto Benigni, que apareceu para o público pela primeira vez. Em 1982, surge o prêmio da crítica, atribuído pelos jornalistas que faziam a cobertura do festival.

   A edição de 1984 é marcada pelo surgimento de uma grande estrela: Eros Ramazzotti, que vence o festival com a música "Terra Promessa", na categoria jovem. Já em 1985, surge o cantor mexicanoLuis Miguel, com 15 anos. Também nesse ano, o cantor Eros Ramazzotti canta "Una Storia Importante", grande sucesso pessoal. Em 1087, em plena final do festival, morre  Cláudio Villa, com 61 anos, vítima de complicações cardíacas.

   Em 1993,  surge Laura Pausini na música italiana, com a canção "La Solitudine", vencedora na categoria jovem. Um ano depois, é a vez  Andrea Bocelli, com a música "Il Mare Calmo Della Sera", vencendo na categoria jovem. Em 2002, o festival foi realizado de 05 a 09 de março no tradicional Teatro Ariston na cidade de San Remo. Este festival contou com as participações especiais do cineasta Roberto Benigni e da cantora colombiana Shakira. O Teatro Ariston voltou a ser utilizado em edições posteriores e será o palco em que vão desfilar os intérpretes neste ano também.

Saiba mais sobre o festival: http://www.comunedisanremo.it e http://www.sanremo.rai.it

(© ORIUNDI/Comune di San Remo/RAI San Remo 2006)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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