Há 13 anos o italiano Cesare de
Florio La Rocca fundou o Projeto Axé em Salvador, na Bahia, para ensinar
música e dança a meninos de rua da cidade e profissionalizá-los. O que
parecia utópico, ele acabou conseguindo realizar e
agora estréia mais uma produção artística da Ong, Anunciações,
na Embaixada da Itália, em Brasília. O espetáculo, que depois segue em
turnê pela Itália, será exibido com a presença do ministro da Cultura
Gilberto Gil na Praça Santo Spirito, em Florença.
Esta será a quinta e a maior turnê dos centros
artísticos do Projeto Axé, que já atendeu a mais de 12 mil crianças e
jovens entre 5 e 21 anos com patrocínio do governo italiano.
- Essas crianças são artistas natos. Só é preciso
ensinar-lhes um pouco de técnica. Muitos dos nossos alunos já foram
trabalhar em outras companhias e grupos artísticos. Minha melancolia é
ver como este país destrói gerações inteiras de talentos - diz Cesare.
Na Itália, os meninos do Projeto Axé vão se
apresentar no Teatro Régio de Parma, que nunca abriu suas portas para
outras manifestação artísticas que não a ópera lírica.
Edvaldo Lima, 22 anos, ainda não sabe se será
incluído na lista dos que embarcarão rumo à Europa no próximo dia 20,
mas ele diz que não tem do que reclamar. No Projeto Axé desde 13 anos,
já se apresentou com a Band'Axé nos EUA e na Itália.
- Eu limpava pára-brisa de carros na rua e um
educador do Projeto Axé sempre falava comigo, mas eu me afastava achando
que ele era do Juizado de Menores e ia me levar preso. Depois aceitei
entrar no grupo de capoeira para aprender a me defender. Mas não tinha
mais vaga e acabei ficando na aula de música. E não quis mais sair de lá
- conta ele, que passa seis horas por dia na sede do projeto aprendendo
história da música e teoria musical, entre outras matérias.