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Migrazioni ItaliaOggi

 

Dois filmes abordam a questão da imigração no festival de Locarno

09/08/2006

Cena de Um Franco, 14 Pesetas, do espanhol Carlos Iglesias

RUI MARTINS
Colaboração para o UOL, de Locarno, Suíça

Dois filmes exibidos nesta segunda-feira no festival de Locarno trataram da imigração, tema caro à Comunidade Européia nos dias de hoje. Um é "Um Franco Igual a 14 Pesetas", do cineasta espanhol Carlos Iglesias, filho de imigrantes que viveu seis anos, quando criança, na Suíça alemã; o outro é "Das Fräulein", da cineasta Andrea Staka, suíça de origem iugoslava.

O filme espanhol retrata apenas as boas recordações de uma família imigrante temporária e suas decepções no retorno à Espanha de Franco, mostrando uma Suíça ideal do começo dos anos 60, não mais existente.

Iglesias conta que havia 4 milhões de imigrantes espanhóis pela Europa, nos anos 60, quando seus pais partiram, atraídos pela incrível taxa de câmbio - um franco suíço valia 14 pesetas. Para fazer o filme, ouviu inicialmente os depoimentos de seus pais, mas chegou a entrevistar 58 famílias espanholas e italianas daquela época, todas com um visão positiva da experiência suíça.

Justificando seu filme otimista de uma Suíça guardada na sua memória infantil, o diretor fala que o objetivo de seu filme é mostrar aos espanhóis de hoje a obrigação de darem boa acolhida aos imigrantes ali chegando da África, lembrando-se que, no passado, a Espanha foi também um país que exportou imigrantes.

"Das Fräulein"

Se no róseo "Um Franco Igual a 14 Pesetas" a família retorna para amargar durante o resto da vida a ilusão de que tudo era melhor no outro país, apagando da memória todas as dificuldades ali vividas, em "Das Frälein", as personagens sabem ser uma ilusão a idéia de uma volta, uma vez que os filhos já vivem no novo país.

O filme suíço-alemão de Andrea Staka retrata o sentimento de três mulheres (bósnia, sérvia e croata) que vivem na Suíça urbana, divididas entre o país no qual procuram se integrar e o país de origem para onde nutrem sempre o desejo inconstante de retornar.

"Às vezes me acordo com um pesadelo: quando morrer, onde vou ser enterrada?", pergunta uma delas, ao que outra responde: "Deixa prá lá, depois de morta isso não me interessa!". Essa é uma das muitas inquietações de qualquer imigrante que, enquanto luta para se integrar, aprender o novo idioma e fazer bem seu trabalho, sente saudade de seu país natal, não esquece sua música, suas tradições e, geralmente, manda um dinheiro para a família lá deixada, enquanto guarda uma parte para construir um casa ou comprar um apartamento e assim preparar a volta.

A visão da boa e má imigração, num mesmo dia no Festival de Locarno, chega num bom momento. Dentro de um mês, a Suíça vai escolher se aceita ou não a nova lei de asilo, uma aberração jurídica que vai contra os direitos humanos e que reedita a fobia aos estrangeiros dos anos 70.

(© UOL Cinema)


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