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Imigrantes italianos no Brasil |
MARCELO MIRANDA
Estima-se que existam hoje no país 31 milhões de descendentes de
italianos. O Brasil é o país com a maior quantidade de descendentes de
italianos do mundo. Em Minas Gerais, o número gira em torno de 1,5
milhão, mas o número é bastante questionável.
Na tentativa de sistematizar um banco de dados, e tentar integrar os
descendentes italianos de todo o Estado, será realizado nos próximos
sábado e domingo, em Barbacena, o II Seminário Sobre Imigração Italiana
em Minas Gerais.
Serão palestras, debates, lançamentos de livros e espetáculos de
dança com o objetivo de reunir filhos, netos, bisnetos e parentes e o
maior número possível de pessoas com relações familiares na Itália. A
organizadora do seminário é Giusi Zamana, italiana há 20 anos vivendo no
Brasil.
Giusi fundou, no ano passado, a Associação Ponte Entre Culturas,
entidade sem fins lucrativos que busca promover o intercâmbio entre a
Itália e o Brasil.
“Nossa intenção é fazer uma ligação histórica, cultural e geográfica
dos dois países”, explica a italiana. Ela conta que Minas não possui
qualquer tipo de levantamento sobre os italianos vivendo no Estado.
“Existem trabalhos isolados nesse sentido, mas sem caráter oficial e
muitas vezes através de esforços independentes”, afirma.
Globalização
A idéia é criar uma grande rede de relações e informações que
reúna essa grande “famiglia” existente nas montanhas de Minas.
“Em tempos de globalização, as sociedades civis estão se tornando
sociedades multiculturais. E todos nós sabemos que o Brasil é pioneiro
neste sentido porque, ao longo da história, incorporou pessoas de
diversas nacionalidades. Entender a essência de ser brasileiro é
entender essa história, e a Itália tem papel importante nisso”.
Outra proposta do seminário é falar da história da Itália para
refletir sobre o atual contexto do país. “Não queremos abrir um baú de
teia de aranha e revirar o passado. Queremos, sim, olhar o passado para
entender melhor o presente”.
A escolha da cidade de Barbacena para a edição 2006 do seminário se
deu tanto por uma questão de descentralização rumo ao interior (no ano
passado, o encontro foi em Belo Horizonte) quanto pela localização da
cidade – ela está próxima da capital e de municípios como Juiz de Fora,
São João del Rei e outros da Zona da Mata.
A própria Barbacena reúne centenas de italianos em sua população, que
muito ajudaram Giusi Zamana na criação da associação.
(© O Tempo)
Representante da ONU cobra combate da Itália à xenofobia
Por Robin Pomeroy
ROMA (Reuters) - Os italianos precisam conter seu medo em relação aos
estrangeiros, muitas vezes provocados por políticos populistas que
retratam os trabalhadores imigrantes como criminosos ou terroristas,
disse na sexta-feira o relator especial da ONU para o racismo, Doudou
Diene.
Após passar uma semana avaliando a situação, ele concluiu que a
Itália precisa dar particular atenção à integração dos muçulmanos e
combater a crescente islamofobia.
"A sociedade italiana não parece estar marcada por um sério fenômeno
de racismo, mas enfrenta uma perturbadora e profunda tendência de
xenofobia", disse Diene em entrevista coletiva.
Diene disse não ter visto na Itália o mesmo racismo brutal que
presenciou, por exemplo, na Rússia, onde pessoas de pele mais escura
"estão sendo mortas nas ruas". Mas ele acha que na Itália os
estrangeiros ainda sofrem mais abusos da polícia e das instituições e
têm mais probabilidades de serem pobres e desempregados do que os
nativos.
Segundo Diene, alguns membros do governo anterior, do
primeiro-ministro Silvio Berlusconi, "instrumentalizaram" a xenofobia e
a tornaram parte da política.
"A retórica ideológica da antiimigração e da xenofobia, que foi
dominante no governo anterior, esta retórica se infiltra lentamente na
ideologia dos partidos", afirmou o relator, senegalês.
O partido Liga Norte, cuja mensagem contra a imigração ilegal às
vezes beira a xenofobia, participava do governo de Berlusconi, e alguns
dos seus ministros se referiam aos africanos como "bingo-bongos".
Diene elogiou o novo primeiro-ministro, o socialista Romano Prodi,
por vetar uma lei aprovada por Berlusconi que levaria à deportação para
a Líbia de milhares de imigrantes que cruzam o Mediterrâneo em barcos
pesqueiros para chegarem à Europa. "É uma indicação de que alguma coisa
nova está acontecendo na Itália agora", afirmou.
(©
Reuters Brasil)
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