O futuro dos serviços consulares será on-line. Para isto, está em
fase de finalização o novo Sistema Integrado das Funções Consulares
(SIFC), uma plataforma integrada para todos os serviços oferecidos aos
italianos no exterior pelos Escritórios Consulares que deverá
disponibilizar ao cidadão o acesso, pela Internet, ao seu registro e
cadastro pessoal para questões ligadas à anágrafe, ao estado civil, além
da integração dos sistemas contábeis dos Consulados. Dentro de poucas
semanas, estarão disponíveis os protótipos do sistema que será
experimentado em algumas sedes piloto para depois serem distribuídos a
todos os escritórios consulares no decurso do próximo ano.
Em 2008, a Farnesina pretende priorizar a informatização para
otimizar a comunicação institucional, abreviando os tempos de tramitação
dos processos e reduzindo a exigência do cidadão dirigir-se pessoalmente
ao Consulado.
O anúncio foi feito pelo vice-ministro italiano de Relações
Exteriores, senador Franco Danieli, durante a Assembléia plenária do
Conselho Geral dos Italianos do Exterior (CGIE), realizada, esta semana,
na Sala Conferenze Internazionali da Farnesina. A escassez de
funcionários e de recursos financeiros destinados à rede consular
italiana no mundo e os problemas daí decorrentes foram apontados por
Danieli.
Está previsto, no próximo ano, segundo ele, um incremento na ordem de
30% das atuais dotações de funcionários nos escritórios consulares, o
que representa em torno de 400 funcionários de carreira e 450
funcionários contratados temporariamente, cujo custo será um acréscimo
superior a 60 milhões de euros, nas despesas anuais do governo italiano.
Além disso, 40 milhões de euros deverão ser destinados à ampliação dos
espaços de trabalho. Na estimativa do ministro, é necessária a quantia
de 100 milhões de euros anuais para suprir as necessidades excedentes da
rede consular, meta que deverá ser atingida, no ano que vem, por meio de
um fundo especial para fazer frente aos gastos excedentes das sedes no
exterior. O principal objetivo do fundo é fazer frente ao acúmulo de
pedidos de vistos e de cidadania italiana.
Danieli destacou que o governo e a Farnesina reconhecem a exigência
de uma eficiente ação de racionalização da rede consular, tanto que já
foi dado início ao desenvolvimento de um trabalho focado em três
diretrizes:
A primeira pretende identificar as situações que permitem proceder à
otimização dos escritórios no exterior, implementando economia de
despesas, mas sem limitar os serviços aos cidadãos, procurando
qualificar o atendimento por meio da informatização. A segunda linha
diretiva seria a reorganização dos processos simplificando as
comunicações institucionais. A terceira fase seria dotar todas as sedes
de uma maior autonomia financeira e de gestão dos recursos.
Além disso, estão previstas a ampliação dos escritórios consulares, as
instituições de Cartórios consulares nas Embaixadas de referimento e a
modificação das circunscrições consulares e a reestruturação das redes
dos Institutos de Cultura, que seriam reconduzidos às representações
diplomáticas ou escritórios consulares. O objetivo da ação, segundo
Danieli, é economizar, recuperar recursos humanos e financeiros e
unificar os serviços contábeis.
Quanto à reforma da lei sobre a cidadania, que tramita no Parlamento
italiano, Danieli afirmou que espera a sua aprovação em breve, e
salientou a cobertura necessária na Lei Financiária, cerca de 50 milhões
de euros compreendidos entre Farnesina e Viminale, que irão permitir que
se assuma um certo número de funcionários de carreira além de algumas
centenas de outros trabalhadores em sede local. O objetivo é que seja
possível reduzir as filas de espera existentes em frente aos Consulados
sul americanos.
No que se refere aos CGIE e os Comites, Danieli informou que o
governo apresentará uma proposta de reforma das duas representações, que
darão conta das indicações formuladas recentemente pelo Conselho.
Hoje, em alguns países
não há apenas uma tentativa de regular as imigrações, mas a intenção de
refreá-las por meio de barreiras políticas, institucionais e físicas.
Esse é um dos focos do estudo realizado pelo geógrafo Helion Póvoa Neto,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que foi apresentado no
último dia 24, durante o 31 Encontro Anual da Associação de
Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs).
O trabalho, ainda pouco divulgado, é resultado de uma pesquisa
realizada nos anos de 2003 e 2004 em Roma (Itália), com financiamento da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Póvoa pesquisou as políticas de migração na Itália para compreender a
rejeição ao imigrante. Segundo ele, era possível perceber nesta ocasião
uma oposição muito forte ao imigrante disseminada na sociedade, e que
tinha como principais expoentes a Aliança Nacional (grupo pós-fascista)
e a Liga Norte.
"Essas forças políticas e o sentimento de rejeição ao imigrante
apelavam muito para uma idéia de invasão desenfreada de imigrantes.
Nesse contexto passaram a ser difundidas imagens da imigração como algo
ameaçador e descontrolado, assim como, erguidas barreiras físicas",
explica ele
De acordo com o geógrafo, países ditos desenvolvidos têm desenhado
uma política de imigração cada vez mais restritiva quando se trata de
refugiados e solicitantes de asilo ou da “imigração econômica”, ou seja,
aquele imigrante que visa a inserção no mercado de trabalho. Mas como
esses países impõem restrições à mobilidade dos migrantes? O pesquisador
explica que isso se dá pela construção de marcos políticos e práticas de
culpabilização ou criminalização do migrante por males sociais.
Além das barreiras políticas e institucionais, o geógrafo cita as
barreiras físicas como muros, cercas ou áreas minadas, exemplificando
com a fronteira entre México e Estados Unidos. “Essas são barreiras que
expressam uma nova realidade nas políticas de controle da migração e das
mobilidades em geral”, diz ele. Mas Póvoa, vai além de compreendê-las
como barreiras físicas, adicionando sua dimensão simbólica. “As
barreiras físicas cumprem um caráter simbólico de rejeição, ao mesmo
tempo que sinalizam àqueles que demandam restrições a imigração, que o
governo está atuando. Há toda uma militância que se constrói em torno
das barreiras físicas. Não apenas há pessoas que trabalham
voluntariamente na construção de partes faltantes do muro, como há
aqueles que chegam a enviar tijolos aos congressistas como forma de
pressão”, explica.
Essas barreiras na opinião dele não restringem imigrantes
indistintamente, mas funcionam como dispositivos classificatórios, isto
é, tornam possível aceitar certas mobilidades e rejeitar outras.
Hierarquização de mobilidades é o termo que o pesquisador utiliza para
definir esta situação.
Apesar dessa diferenciação, há uma tendência geral de fechamento por
parte dos países que recebem refugiados econômicos.
O geógrafo ainda avalia que como essa política migratória que se
desenha na atualidade, caracterizada pela imposição de barreiras, é algo
muito oneroso para a imagem de alguns Estados, o que se nota são formas
de controle que os extrapolam, a partir da retomada de laços
diplomáticos entre países para que exerçam em conjunto as limitações da
imigração. Póvoa exemplifica com o fortalecimento do controle de
migração por parte do México, que traz conseqüências diretas para a
imigração nos Estados Unidos. Da mesma forma, a União Européia tem um
acordo de cooperação com o Magreb que limita a entrada de pessoas
oriundas, por exemplo, da Líbia ou do Marrocos na Europa. (Marta
Kanashiro, Caxambu, MG/Com Ciência)
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Oriundi)