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Todos os códigos de Leonardo da Vinci, em mostra na Oca

Uma das paixões de Da Vinci: a criação de máquinas para o homem voar
 

A maior mostra já realizada sobre as várias facetas de criação do gênio italiano

Camila Molina

SÃO PAULO - Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o gênio universalista - e esse já é um clichê. Mas agora é possível ver de perto os desdobramentos da mente de um homem que não foi apenas o pintor de obras-primas do Renascimento como a Mona Lisa (Gioconda), A Última Ceia, Anunciação, belas madonas, do estudo das proporções perfeitas do Homem Vitruviano, mas um inquieto inventor e pioneiro que conseguiu, em quase 70 anos, idealizar muitas das coisas que hoje nos são corriqueiras, como tanque de guerra, submarino, bicicleta, helicóptero, salva-vidas, relógio engenhoso. Isso, há mais de 500 anos. Tudo está lá, a diversidade de um único homem, na mostra Leonardo da Vinci - A Exibição de um Gênio, que será inaugurada nesta quarta-feira para convidados e na quinta para o público, na Oca, no Parque do Ibirapuera.

Em São Paulo, trata-se da maior exposição já realizada sobre várias das facetas de criação do mestre italiano Da Vinci, apresentada dessa maneira ampla apenas em Roma e Moscou - mas, aqui, a mostra traz peças inéditas. Levou mais de uma década para ser concretizada porque a idéia foi construir uma grande leva (mais de 100) de reproduções de máquinas e invenções do artista por meio da interpretação de seus escritos e desenhos originais.

Na Itália, em Roma, esse projeto já vem sendo realizado há tempos pela Anthropos Foundation, cujo presidente, Modesto Veccia, um especialista em Da Vinci, é curador e fundador do Il Gênio di Leonardo da Vinci Museo. Mas, a partir da proposta de Veccia de se associar à entidade RYP Australia Major Projects, foi possível viabilizar a grande mostra que pode rodar o mundo e permitir a um público amplo e diverso, desde crianças a adultos, adentrar no universo de criação de Leonardo. “Se apenas uma pessoa se sentir inspirada a criar, como Leonardo fez séculos atrás, já valeu a pena”, diz o australiano Bruce Peterson, curador da exposição e diretor da RYP Australia Major Projects.

Tarefa para Especialistas

Precisamente oito artesãos se dedicaram a produzir, usando, em grande parte, madeira e ferro, as máquinas e invenções de Leonardo da Vinci. Vale dizer que tudo na mostra, mais de 150 peças, é reprodução - há desenhos (entre eles, os de anatomia) e há quadros além das 75 máquinas (10 inéditas) - porque os originais não podem viajar, tão alto (milhões e milhões de dólares ) é o seguro das peças.

A exposição Leonardo da Vinci - A Exibição de um Gênio, que ocupa todo o subsolo da Oca, se inicia com reproduções de cinco códices, os cadernos de Da Vinci. “Foi uma tarefa fascinante interpretar os escritos dele. Da Vinci era canhoto e muitas vezes escrevia de forma espelhada da direita para a esquerda, acredita-se, para proteger suaaglerias idéias e concepções”, conta Peterson. Como ele completa, infelizmente, a maior parte dos escritos do artista se perderam.

“Acredita-se que ele tenha escrito pelos menos 24 mil páginas, mas só 6 mil são conhecidas. Ele escreveu sobre geometria, fauna e flora, matemática, física, filosofia; fez rascunhos anatômicos incrivelmente detalhados (sob risco significativo para o comportamento herético de dissecação de corpos no início de 1500) e projetou desenhos inovadores para construção e invenções mecânicas”, segundo Peterson em texto do catálogo.

Leonardo da Vinci - A Exibição de um Gênio. Oca. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, portão 3, Parque do Ibirapuera, 6846-6000. 2.ª a 6.ª, das 9 às 19 horas; sáb. e dom., 10 às 20 horas. R$ 30 (na compra de ingresso para a Corpo Humano: Real e Fascinante 20% de desconto). Abertura quarta-feira, 28/2, 20 horas, para convidados, e na quinta-feira para o público

(© Agência Estado)


 

Da Vinci decodificado

Mostra sobre o gênio do Renascimento reúne
150 peças entre invenções, esboços, estudos
e reproduções de telas

Por Luiz Chagas

Se levarmos em conta o que se afirma a respeito de seu QI, avaliado entre 180 e 220, o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) figura bem acima da grande maioria dos mortais – na melhor das hipóteses, uma pessoa normal não apresenta quociente de inteligência acima de 120. Isso talvez explique a abrangência de suas habilidades: em 67 anos de vida, Da Vinci distinguiu-se como filósofo, pintor, engenheiro, arquiteto, anatomista, cientista, inventor e estrategista. Ele era um observador incansável da natureza e valeu-se de seus princípios em suas criações. Entre elas, o avião, a bicicleta, o helicóptero, o submarino, o automóvel, a metralhadora, a catapulta e o canhão. Como pintor, foi um dos maiores. Sua Mona Lisa, que se encontra no Museu do Louvre, em Paris, é o quadro mais conhecido e visitado do mundo. Já o afresco A última ceia, pintado no mosteiro Santa Maria delle Grazie, em Milão, carrega o título de “o mais reproduzido”. É com pretensões de decodificar esse rico universo que a mostra Leonardo da Vinci – a exibição de um gênio, com 150 peças inspiradas em seu legado, chega a São Paulo na Oca do Parque Ibirapuera, a partir de 1º de março.

ANATOMIA O corpo humano aparece em 40 desenhos feitos a partir de dissecações de cadáveres
Organizada pela RYP Australia Major Projects e a Anthropos Foundation, especializadas em projetos culturais de grande porte, a exposição já passou pela Itália e Rússia. Segundo Bruce Peterson, da RYP e curador juntamente com Modesto Veccia, da Anthropos, a versão brasileira é a maior de todas. Na Itália, por exemplo, devido às dimensões do museu, foi exibida apenas a metade dos itens que estão vindo para cá. Por serem muito raros, o que eleva não apenas o preço do seguro, mas também a lista de restrições à exibição pública, não serão mostrados rascunhos nem pinturas originais. Mas o visitante poderá ver máquinas construídas por autênticos artesãos italianos. São 75 ao todo, 25 delas interativas, cobrindo temas como vôo, guerra, hidráulica, aquática, engenharia civil, princípios da mecânica e instrumentos musicais, ópticos e de tempo.

As maquetes e peças em tamanhos originais foram construídas utilizando-se, na medida do possível, os materiais e as técnicas existentes na Itália do século XV, período de grandes mudanças culturais na história da humanidade, conhecido como Renascimento. “Os artesãos interpretaram os escritos e os desenhos de Da Vinci e construíram máquinas fiéis aos seus projetos, como se ele mesmo as tivesse construído”, diz Peterson. Entre os 13 segmentos da mostra incluem-se 40 desenhos anatômicos (ampliados para facilitar a visão, já que os originais eram muito pequenos) e 14 estudos preparatórios para o grande afresco Batalha de Anghiani. Podem ser vistos também os chamados Códices, conjuntos de manuscritos e desenhos com teorias, notas, projetos e assuntos superpostos de forma livre – além do intitulado Leicester (pertencente à Bill Gates, que pagou US$ 3 milhões por ele), foram reproduzidos os de Madrid e de Forster, descobertos em 1966 na capital espanhola. Somam-se a isso as reproduções de dez famosos quadros de Leonardo da Vinci, pintados por artistas florentinos em seus tamanhos originais, e projeções em 3D de dois quadros clássicos: Última ceia (revelando como o afresco foi criado) e Homem Vitruviano (evidenciando o estudo da proporção áurea).

BICICLETA Um dos projetos de Da Vinci

Segundo Peterson, a idéia foi a de criar uma mostra popular que reunisse o entretenimento e a diversão de forma interativa e didática. “Os museus estão enfrentando uma morte lenta porque as pessoas querem se envolver e não apenas olhar as obras, separadas delas por cordas ou vidros”, diz ele. Uma das partes mais curiosas da exposição centra-se sobre o alfabeto utilizado pelo genial mestre italiano, que escrevia ao contrário, da direita para a esquerda. Segundo o escritor Dan Brown, autor de O código Da Vinci, ele agia dessa forma porque era um iniciado. Petersen desmistifica a tese. Diz que Leonardo da Vinci escrevia assim porque era canhoto e não queria borrar os textos que criava febrilmente. Além disso, por ter sido preso na juventude sob a acusação de homossexualidade, tornou-se desconfiado de tudo e de todos – e para proteger-se de possíveis inimigos inseriu intencionalmente diversos erros e omissões em seus projetos de invenções, criando uma espécie de “patente”. Hoje em dia quem lidar com esses textos tem de ser já bem familiarizado com os trabalhos de Da Vinci, porque só assim chegará a um quadro completo de suas invenções. Coisa que os italianos tiram de letra.

(© Isto É Online)

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