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Caso Battisti pode ser decidido pelo STF

24/01/2009

Foto: Jackes de Marthon/AFP

MATOU E FOI VISTO
A revista italiana Panorama entrevistou Mutti. Ele contou que Battisti matou pessoas. "Eu e ele éramos os únicos operativos do grupo"
 

O que ainda não se sabia sobre ele

O terrorista Cesare Battisti teve, sim, amplo direito de defesa e foi delatado por mais de uma pessoa. Tarso Genro concedeu-lhe refúgio ignorando esses fatos, mas os fatos são teimosos

Laura Diniz

Na Carta ao Leitor de sua última edição, VEJA deu crédito a Tarso Genro, ministro da Justiça, que, depois de "estudo cuidadoso" dos processos italianos, disse não ter encontrado neles provas concretas que colocassem Cesare Battisti na cena dos quatro homicídios pelos quais ele havia sido condenado à prisão perpétua em seu país. Battisti, agraciado por Genro com o status de refugiado político no Brasil, foi um dos líderes do grupo extremista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), desbaratado há mais de vinte anos pela Justiça italiana graças à delação premiada de Pietro Mutti, um de seus fundadores. A reportagem de VEJA refez na semana passada o mesmo estudo que Tarso Genro garantiu ter feito. Além de ler os autos de cinco tribunais internacionais, a revista entrevistou magistrados italianos diretamente responsáveis pela investigação dos crimes de Battisti. Os resultados obtidos desmentem em sua essência todos os argumentos do ministro da Justiça brasileiro. Havia a possibilidade de Tarso estar certo, mas agora há a certeza de que ele está errado.

Ao contrário do que sustentou Tarso Genro, Battisti teve amplo direito de defesa e as provas contra ele vieram de testemunhos de diversas pessoas, e não apenas da delação premiada de Mutti. O ministro brasileiro colocou em suspeição as confissões de Mutti por duas razões. Primeiro, por entender que ele se beneficiou delas ao pôr toda a culpa sobre os ombros de Battisti. Segundo, porque Mutti estaria vivendo sob identidade falsa e não poderia ser encontrado para eventualmente inocentar Battisti no caso de o processo ser reaberto. Os fatos desmentem Tarso Genro em ambos os casos. Primeiro, Mutti cumpriu oito anos de cadeia por sua parceria terrorista com Battisti e nada teria a ganhar incriminando injustamente o colega, já que delatou o grupo todo. Segundo, Mutti não mudou de identidade e pode ser facilmente encontrado – como efetivamente o foi na semana passada por repórteres da revista italiana Panorama, que, depois de saberem da decisão e dos argumentos do ministro brasileiro, também foram atrás do ex-terrorista para elucidar o caso.

Ficou claro como cristal que:

Battisti teve direito a ampla defesa. O histórico da defesa é narrado em minúcias no documento em que a Corte Europeia de Direitos Humanos, em Estrasburgo, justifica a decisão de extraditar o terrorista para a Itália.

A condenação de Battisti não se deu com base em um único testemunho. "Numerosos terroristas confirmaram as declarações de Mutti, assim como outras testemunhas", afirmou a VEJA o procurador da República de Milão Armando Spataro. A revista Panorama reproduz o depoimento de uma dessas testemunhas. Maria Cecília B, ex-namorada do terrorista, relatou às autoridades italianas: "Na primavera de 1979, Battisti, ao descrever-me a experiência de matar uma pessoa, fez referência ao homicídio de Santoro (o agente penitenciário Antonio Santoro) indicando a si mesmo como um dos autores". Em documento da Justiça italiana obtido por VEJA, testemunhas oculares relatam a presença de Battisti em dois dos homicídios.

Mutti, o delator premiado, não mudou de identidade nem está desaparecido. Entrevistado por Panorama, relatou como ele e Battisti mataram um agente penitenciário.

A polêmica está longe de terminar. O presidente Lula já disse à Itália que o Brasil não vai recuar da decisão. O governo italiano avisou que vai usar todos os recursos jurídicos para conseguir a extradição. No mês que vem, quando termina o recesso do Judiciário, os ministros do Supremo Tribunal Federal terão de responder a uma pergunta fundamental para o desfecho do caso: pode o Executivo definir se um crime é ou não político, como fez Tarso? A resposta a essa questão é crucial, uma vez que, pela lei brasileira, quem comete crime político tem direito a refúgio e não pode ser extraditado. Assim, se o STF decidir que não cabe ao Executivo, ou seja, a Tarso Genro, decidir sobre a natureza dos crimes de Battisti, a consequência da ação do ministro – a concessão do refúgio – perderá validade. Nesse caso, a decisão de abrigar ou não o terrorista no país ficará a cargo do STF. Estará em melhores mãos.

Leia+ (Assinante)

Quadro: As sete derrotas de Battisti

(© Veja)

 


Lula sfida Napolitano: su Battisti non torniamo indietro

Il Brasile insiste e non torna indietro: a Cesare Battisti va riconosciuto lo status di rifugiato politico anche se l’Italia è uno stato di diritto con una magistratura democratica. Il Governo si prepara comunque alle contromosse, forte del pieno appoggio del Quirinale.

Soprattutto quelle legali, attraverso la strada dei ricorsi: di ogni strumento giuridico “previsto dall’ordinamento brasiliano e da quello internazionale per sostenere le ragioni poste a base della richiesta di estradizione di Battisti”. A sottolinearlo è lo stesso Presidente della Repubblica, Giorgio Napolitano, che oggi ha ricevuto dal presidente brasiliano, Inacio Lula da Silva, la risposta alla lettera che gli aveva inviato una settimana fa, dove esprimeva senza mezzi termini “rammarico” per la concessione dello status di rifugiato politico all’ex terrorista dei Pac, condannato all’ergastolo per quattro omicidi, compiuti tra il 1977 ed il 1979.

Napolitano, che stasera ha ricevuto il ministro degli Esteri Franco Frattini con cui ha condiviso la lettera di Lula, dice così di “apprezzare” la strada dei ricorsi intrapresa dal governo Berlusconi. Ricorsi e “strade percorribili” che - fa sapere una nota della Farnesina - saranno valutati “con la massima urgenza per contribuire alla revisione del caso”.

Sui contenuti della lettera vige il riserbo. Brasilia ha fatto sapere che non ne divulgherà il contenuto, il Quirinale ne ha solo sottolineato alcuni passaggi. Tra cui quello secondo il quale Lula ha fatto riferimento alle “basi giuridiche, interne e internazionali, della decisione presa dalle competenti autorità brasiliane per il caso Battisti, nella sua specificità”. E, ancora, che Lula “ha voluto esprimere la piena considerazione del suo paese ‘per la magistratura italiana e per lo stato di diritto democratico vigente in Italia e fiducia nel carattere democratico, umanitario e legittimo’ del nostro ordinamento giuridico”. Una sottolineatura che lascerebbe intendere - secondo alcune fonti che seguono la vicenda - spazi di “manovra” per una positiva soluzione della vicenda sul fronte legale, quello cioè dei ricorsi giuridici.

Mentre sembra così, almeno per ora, allontanarsi l’ipotesi di contromosse più dure sul piano diplomatico, come il richiamo dell’ambasciatore italiano a Brasilia, Michele Valensise, gli strumenti giuridici sul tappeto sarebbero, sostanzialmente, due: la presentazione di un’istanza di ritiro della decisione, che la diplomazia italiana in Brasile dovrebbe presentare direttamente al ministro della giustizia, Tarso Genro, autore della decisione. O, in alternativa - spiegano fonti legali - un ricorso alla Corte Suprema Federale di Giustizia. Ricorso più volte ipotizzato nei giorni scorsi dal ministro Frattini, che sarebbe motivato dal fatto che la decisione sarebbe in contrasto con la Convenzione di Ginevra sui rifugiati perchè non esisterebbe nessuna motivazione politica contro Battisti.

Lula ha comunque tenuto, secondo quanto reso noto dal Quirinale, a riaffermare, nella chiusa della missiva, “i legami storici e culturali che uniscono Brasile e Italia e della volontà di rafforzare le relazioni bilaterali tra i due paesi”. Legami forti e tradizionali quindi, che dovrebbero portare il premier Silvio Berlusconi a compiere in tempi rapidi una visita ufficiale nel paese: visita, mai annunciata formalmente, che è oggi in ’stand by’. Le due diplomazie sono in attesa di vedere come si svilupperà il caso Battisti.

L’ex terrorista resta intanto un rifugiato politico per il Brasile e, nonostante sembrasse imminente la sua liberazione, al momento resta ancora in carcere in attesa della decisione della Corte Suprema, attesa per inizio febbraio con la ripresa dell’attività dopo le ferie estive. L’Italia - secondo quanto riferito da fonti di stampa brasiliane - avrebbe già presentato una petizione al Supremo Tribunale, chiedendo di essere ascoltata prima della decisione sull’eventuale scarcerazione.

Sul fronte interno, intanto, continuano le prese di posizione, con il ministro per le Politiche europee, Andrea Ronchi, che torna a commentare come “inaccettabile” la decisione” mentre Maurizio Costanzo lancia un appello agli italiani - dal palco del Maurizio Costanzo Show in onda domenica 25 su Canale5 - a inviare “cartoline postali all’ambasciata del Brasile a Roma” scrivendo “vergogna o estradate Battisti”. Anche in Brasile sono comunque in molti a non pensarla come il ministro della Giustizia verde-oro Genro. Almeno stando a quanto riporta O Estado de S. Paulo, il più autorevole quotidiano di San Paolo del Brasile, che nella sua edizione online mette in evidenza un sondaggio in cui si chiede: “Siete d’accordo sulla concessione dello status di rifugiato politico all’italiano Cesare Battisti?”

Al momento, il 71% di votanti ha risposto “no”.

(© Panorama)


VÍDEO

Protesto em Roma, em frente à Embaixada do Brasil

 

 

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