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Amor em tempos de guerra: obra narra saga de ítalo-brasileiro em meio à Segunda Grande Guerra

Foto: Divulgação

 Marina Vicari Lecario lança livro contando a história do pai, um ítalo-brasileiro que lutou na II Guerra
 

Do sublime heroísmo à iníqua crueldade, do indomável medo da morte ao inabalável apego à vida e aos próximos, a guerra é, principalmente, um período de contrastes. É neste contexto que Marina Vicari Lerario narra a saga de  Giusepe Vicari, em “Pelos olhos do meu pai”, lançado na última quinta-feira (15). A obra rememora de forma intimista os horrores da Segunda Guerra Mundial, sintetizando a jornada de quem sobreviveu a um dos maiores conflitos registrados pela história da humanidade. Com uma narrativa vívida e personalista, o livro abrange o período entre 1942 e 1947, da fase intermediária da guerra ao ano em que Vicari retorna ao Brasil, já casado e com uma filha de 1 ano.

Giuseppe Vicari é um ítalo-brasileiro nascido em São Paulo, que rumou para a Itália no início da década de 20 a fim de enveredar-se nos estudos de arquitetura.  Acabou, no entanto, envolvido em um embate de dimensões nunca antes vistas, do qual ele discordava. Assim, a obra traça um panorama da guerra a partir de Alessandria, cidade do Piemonte e residência do protagonista.

Mais do que a simples documentação histórica, o livro retrata as augúrias de um ser humano assolado por um conflito que lhe foge à compreensão, palco de diversas tragédias pessoais que, unidas, ceifaram quase meio milhão de vidas somente na Itália, e mudaram para sempre incontáveis outras. As cenas e passagens de batalhas são descritas de forma intensa e acurada, com uma especial atenção aos detalhes próprios de quem viveu cada situação.

"Mas, as sirenes insistiam com seus repetidos uivos dilacerantes, sinal de verdadeiro perigo. O trovejar dos aviões já estava pelo ar. Pânico e fuga geral e desordenada de todos pelas ruas, corridas confusas para as próprias casas ou para os mais próximos abrigos antiaéreos, se assim podiam ser estes precários abrigos mais ou menos escorados por vigas e troncos de antigos prédios.” Revela um trecho.

Na Itália em guerra, os bombardeios são uma constante, mas são apenas parte das dificuldades na luta diária pela sobrevivência. Para um arquiteto, a guerra é antítese: quando o que se busca é destruir e não construir. Um simples deslocamento de uma cidade a outra pode levar horas e as refeições racionadas fazem companhia ao medo implacável, companheiro de todas as horas. Para sublimar toda a desumanidade de uma guerra provocada pela sanha bélica e expansionista, Giuseppe realiza uma verdadeira viagem para dentro de si mesmo, impetrando um despertar como ser humano. “Compreendia e aprendia, no andar da guerra que já durava dois anos e mais, que em nosso curto período de vida, precisamos sempre encontrar as nossas próprias percepções em relação à existência, da qual, através da natureza, participamos tão brevemente. De outra forma não podemos viver."

Mas a obra não se limita também a descrever as tragédias da guerra. Mesmo prisioneiro do medo e vivendo diuturnamente da fé e da esperança, Giuseppe Vicari encontra tempo para o amor, um amor verdadeiro que nasceria na Itália, cresceria no Brasil e duraria até o fim de sua vida. " Parei para observá-la mais uma vez... Podia ser diferente aquele sorriso, mas para mim era assim mesmo: delicado e harmonioso, confirmado pelo seu olhar meigo de pessoa que talvez tenha sofrido, e de pessoa serena e bondosa. Nem Dante, para mim, quando viu Beatriz pela primeira vez, teve uma impressão igual!”

O corolário do livro é uma homenagem ao Brasil, no final do texto, realçando a atuação dos pracinhas brasileiros na reconstrução de um país flagelado pela guerra e que não queria outra coisa a não ser trabalhar para a paz.

A autora:

Paulistana, Marina Vicari detém múltiplos talentos além de dominar a arte da escrita. Pertence a uma família de artistas e, ultimamente, tem se lançado à vocação de artista plástica, adotando o estilo realista contemporâneo. Tem como mestre o artista Maurício Takiguthi (Brasil) e freqüentou workshop com o famoso retratista pastelista Mr. Daniel Greene (USA). Realiza trabalhos em carvão (branco e preto), pastel e óleo sobre tela ou papel.  Fabio Cembranelli é seu professor de aquarela. Desde 2001 participa de eventos ligados à Arte, tendo sido agraciada com várias premiações.
 

(© Oriundi)

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