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Um clássico italiano, O Belo Antônio

Cena de O Belo Antônio
 

Pasolini e Bolognini usam Mastroianni para debater a virilidade dos sicilianos

Em 1960, com A Doce Vida, de Federico Fellini, Marcello Mastroianni converteu-se no paradigma do sedutor italiano. Ele virou mito e nunca deixou de ser atraente para as mulheres, mas em vários momentos, sempre disposto a provar que era, acima de tudo, ator, Marcello fez filmes que iam contra sua imagem estabelecida. Foi um gay em Um Dia Muito Especial e o decadente protagonista de Casanova e a Revolução, ambos de Ettore Scola. De volta a 1960, naquele ano Marcello também interpretou O Belo Antônio.

Há quase meio século, a expressão "belo Antônio" virou gíria para definir homens de virilidade duvidosa e até gays. O filme, adaptado do romance de Vitaliano Brancati - um clássico das letras italianas -, conta a história de Antônio, que se casa com a mulher que ama e, à custa de muita idealização da figura feminina, não consegue concretizar a união. Ridicularizado como impotente, ele vive uma tragédia familiar, quando o pai, tentando salvar a honra da família, morre do coração, na cama de uma prostituta. O herói só consegue concretizar uma relação quando dissocia, em sua cabeça, o amor e o sexo, mas a essa altura já é tarde e as conseqüências foram terríveis.

Pier-Paolo Pasolini, gay assumido, fez a adaptação e o filme foi dirigido por Mauro Bolognini, que também não escondia sua condição de homossexual. Ambos poderiam ter feito um filme auto-indulgente, mas seguiram na direção contrária e fizeram um forte ataque ao autoritarismo na combinação machista/religiosa que regia a sociedade siciliana da época. Dois anos depois, Marcello fez Divórcio à Italiana, brilhante comédia com direção de Pietro Germi, de novo criticando o código social (e comportamental) da Sicília. O Belo Antônio foi o segundo de três filmes que Bolognini fez com roteiro de Pasolini, situando-se entre A Longa Noite de Loucuras e Um Dia de Enlouquecer. Na época, os críticos creditavam as virtudes da parceria a Pasolini, mas o próprio Bolognini era grande, e esta é uma boa oportunidade para resgatar um autor ainda subestimado.

O Belo Antônio (Il Bell'Antonio). Itália, 1960. Direção de Mauro Bolognini. Lançamento Silver Screen. Nas lojas, R$ 39,90

(© Estadão)

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