Retornar ao índice ItaliaOggi

Notizie d'Italia

 

Santos chineses geram polêmica

02/10/2000

 

 

VATICANO - O papa João Paulo II canonizou ontem mais 123 santos. Oitenta e sete deles eram chineses, o que irritou o governo de Pequim. Os novos santos chineses, junto com mais 33 missionários estrangeiros, foram mortos entre 1648 e 1930 em conflitos em que o país entrou em choque com o imperialismo das potências européias e dos Estados Unidos.

   Além dos missionários da China, o papa canonizou a socialite e filantropa americana Katharine Drexel, a espanhola Maria Josefa del Corazón de Jesus, fundadora de um ordem de caridade e a sudanesa Giuseppine Bahkhita, ex-escrava que se tornou freira, a primeira santa africana.

   A polêmica histórica sobre as canonizações dos missionários chineses, no entanto, capitalizou as atenções durante o dia. Enquanto o Vaticano classifica os 120 novos santos mortos na China como um exemplo de coragem e coerência, o governo chinês, em nota do ministério do Exterior, afirma que eles agiram como "pecadores maldosos" durante o domínio colonial do país.

Insultos

   A China afirma que o verdadeiro objetivo do Vaticano é insultar o país com a beatificação de "estupradores, saqueadores e agentes do imperialismo" justo na data em que é comemorado o dia da Pátria e o 51° aniversário do governo comunista, acrescentando que o ato prejudicaria a normalização das relações da China com a Santa Sé.

   O papa, por sua vez, garantiu que a santificação dos mártires deveria ser uma honra para todos os chineses. João Paulo foi ainda mais longe, afirmando que os novos santos poderiam "confortar e apoiar" os católicos do país. "Esses mártires são um exemplo de coragem e coerência para todos nós", afirmou o pontífice.

   João Paulo garantiu ainda que a escolha do dia é apropriada: 1° de outubro é o dia de Santa Teresa de Lisieux, padroeira dos missionários.

   A maioria dos missionários foi morta durante dois episódios sangrentos da história chinesa: as duas Guerras do Ópio e a Revolução dos Boxers, principalmente durante esse último movimento quando grupos nacionalistas, tas chineses se revoltaram contra a dinastia manchu, pró-Ocidente. Na época foram perseguidos membros da dinastia, estrangeiros e missionários católicos, vistos como representantes da dominação ocidental no campo religioso. A rebelião foi contida depois de dois anos com a ajuda do exército britânico.

Divisão

   Após a instauração do regime comunista em 1949, a China cria uma igreja católica comandada pelo Estado que não reconhece a autoridade do papa. Hoje estima-se que 4 milhões de pessoas sejam filiadas à igreja estatal, enquanto o Vaticano estabelece que o número de fiéis obedientes ao Vaticano, é duas vezes maior. Até hoje a Santa Sé nomeia bispos que atuam clandestinamente em igrejas ilegais.

   O papa afirmou que "não é o momento de se fazer julgamentos sobre aquele tempo. Eles podem e devem ser feitos, mas em outras circunstâncias". O bispo Fu Tieshan, da Igreja ligada ao estado, afirmou à TV chinesa que estava "indignado com a distorção histórica" feita pelo Vaticano.

   A "honra" da canonização está se tornando comum durante o papado de João Paulo II. Com essa última leva de santos, sobe para mais de 447 o número de novos santos anunciados em seus 22 anos como sumo pontífice. Para se ter idéia, todos os papas anteriores a ele canonizaram juntos 302 pessoas desde 1500, quando foram estabelecidos os procedimentos formais para a canonização.


Para saber mais sobre:

powered by FreeFind

Publicidade

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi